quinta-feira, janeiro 04, 2007

Histórias de fim d´ano? Devem haver muitas.

Apesar de ter ocorrido na noite de 1 para 2 de Janeiro, o acontecimento que vos vou relatar não tem, para já, uma data. Ainda não regressei ao trabalho, a diferença entre o que fiz a 30 de Dez. ou 2 de Jan. não é muita... Ou então será um desafio à lógica que normalmente acompanha estas transições de calendário: muitos de nós passamos o 1º mês do ano novo a registar, nas datas, o ano anterior ao qual nos encontramos realmente. Só aos poucos vamos dizendo adeus a 2006. Neste caso o primeiro dia do ano deu-nos algo que recordar.

2007 na 33

Depois de longa noite de reveillon entre Avintes e Porto, o regresso a casa. Para descansar o corpo, a cabeça.
Por volta da 1.30 da matina de 2 de Jan. tou só no meu quarto, distraído ora com a T.V. ora com o P.C., à espera de um sono que havia sido baralhado e dado outra vez, só que agora eu não sabia quando...

Mais uma vez os animais encarregaram-se de dar o alerta. São os primeiros a pressentir o perigo e a dar sinais de instabilidade. Durante meia hora os cães da vizinhança ladraram, e, se eu já não tinha sono, aí desisti de tentar dormir...Mas não saí do meu lugar. Na casa da tia Adelaide, sobre a nossa, começo a detectar barulhos, portas, armários a abrir, fechar, passos. Depois... a campaínha.
Accionada, já que não é mais do que um alarme, da forma que menos gostamos de a ouvir: a da urgência. Sabia que era a minha tia e esperava vê-la ao abrir a porta: Vi-a, sim, mas do outro lado da rua vejo também o Vítor Lancha, fotógrafo do jornal oficial do regime.

E passados alguns minutos vou vendo um pouco de todas as pessoas que moram na zona. Toca a tirar os carros, as pessoas que moravam na casa dos meus pais, na da tia, na do sr. Zé, na da D.Maria são aconselhadas pela polícia a abandoná-las, seguindo o exemplo dos moradores do prédio de três andares, três portas abaixo da nossa, que tinha o seu sótão a expelir fogo e a proporcionar uma pequena amostra do que vemos nas notícias de Verão.

A seguir aparece o Jorge carregando o filho, de 5 anos, ao colo: "Pedro deixa o Nuno ir para o teu quarto (ele raramente diz pra ou pro), ele tem medo de estar (tar...) aqui na rua..." Tinha que ser, é que a casa deles fica paredes meias com o prédio infernal. Exactamente com o 3º andar. Logo, se a cena desse pró torto, se o fogo "descesse" do sótão, a coisa ia aquecer um bocado.. O Nuno deitou-se na minha cama, lá sossegou.

Cá fora as pessoas olhavam para a forma meio atabalhoada como os bombeiros iam tentando controlar o fogo. Dois carros, um a disparar, de forma contínua, rajadas de água que sobrevoavam o prédio e iam atingir as casas das traseiras, criando uma espécie de efeiro arco-íris côr de água, uma auréola que tinha tanto de molhada como de ineficaz..pelo menos lavou alguns quintais. O outro carro fornecia as mangueiras manuseadas individualmente pelos bombeiros. Pairava uma aura de passividade, até à chegada do carro de Esmoriz, esse sim provido daquelas escadas com varanda que tanto jeito fazem...

Por volta das 4 da manhã estava tudo apagado. As pessoas voltavam para os seus covis, muitos de nós terão tido um dia seguinte para esquecer... Uma senhora idosa não dormiu na sua cama nessa noite - as velas que mantinha acesas no seu santuário de adoração religiosa provocaram o episódio narrado.

Medo? Durante 2 min. aquele sótão parecia uma frigideira com óleo a ferver e para a qual atiramos pedras de sal grosso...Não tentem isto em casa.

Bom ano