Hoje eu tenho asas nos pés
só me apetece dançar
há tantas caras bonitas
tantas mãos a acenar
eu sou um balão colorido e mágico
Ontem já passou
amanhã pode ser bom
mas hoje é o melhor dia que há
nem preciso de fé
eu felizmente não preciso de nada
Hoje eu sou um homem contente
ao serviço do amor
sou o próprio sonho
e desconheço a dor
eu sou o vagabundo mais feliz que existe
Hoje eu sou o mais forte dos deuses
mais cretino que a morte
estou por cima da queda
mais seguro que a sorte
eu sou o universo inteiro a sorrir
- bom dia!
J. Palma
quarta-feira, maio 21, 2008
quarta-feira, maio 14, 2008
segunda-feira, maio 12, 2008
quarta-feira, maio 07, 2008
Dá-me o libro, já!!
Ler e amar na adolescência: dois verbos e um substantivo que, aparentemente, não têm grande relação entre si. A menos que retiremos a adolescência da equação. No entanto, fruto da imaginação, pesquisa e dedicação de uma professora do Algarve, estes conceitos reuniram-se num grande bacanal temático e, de certa forma, tentam fazer sentido quando usados na mesma frase. Um sentido não contrastante, mas de complementaridade.
Ler e amar são bastante parecidos: ambos requerem alguma paciência (é claro que há livros e livros..); são potenciais geradores de enxaquecas (embora as últimas 5 letras formem algo tradicionalmente revigorante quando consumado); e muitas vezes são abandonados a meio do processo (aqui há uma solução: porquê tentar ler "Os Maias" quando podemos ir lendo revistas semanais? Antigamente era assim que os romances viam a luz do dia...).
Amar e adolescência equiparam-se pelo grau de abstracção do conceito, ou seja, é impossivel delimitar e quantificar o amor ou o estado de adolescente, onde começa ou quando acaba. No caso do amor podemos até fazer uma analogia com a palavra Deus (não confundir com dEUS): ninguém realmente o verificou, mas que existe, existe. Ou então, não existe, mas que queremos acreditar que sim, lá isso queremos. Ambos os vocábulos são também altamente polissémicos, característica conferida, como sempre, pela comunidade falante. Assim como quem ama hoje pode odiar amanhã, para voltar a amar no dia seguinte (sentimentos dirigidos à mesma pessoa, entenda-se..), também usamos a palavra Deus para ajudar hoje e cometer genocídios amanhã. Amor e Deus, duas palavras convenientemente ocultas...A inferência que normalmente fazemos em relação ao amor prende-se com o envolvimento entre duas pessoas. Mas não podemos menosprezar a importância do amor próprio, nem o poder auto-destrutivo da sua falta. E a este respeito, é bem sabido que a adolescência é aquela fase etária da indefinição e da insegurança. Em muitos casos trata-se de uma questão de sobreviver. Por outro lado, no amor tradicionalmente aceite, é bastante estranho ver adolescentes a comportarem-se como casais de meia idade, a abdicarem dos seus primeiros anos de descoberta sexual e social para se refugiarem no dúbio conforto do compromisso.
Ler e adolescência. Bom, se o binómio amar/adolescência já era arrojado, então este, à luz dos nossos dias, parece-me herético. O ligeiro ascetismo inerente à prática da leitura não combina com o desejo de viver a vida toda numa semana. É que agora é mesmo possível viver a uma velocidade incrível, e, aparentemente, não há muitas razões para quererem parar e pensar, simplesmente porque as instituições sociais, educativas e profissionais são acéfalas e autómatas nos seus processos. E as novas tecnologias encontraram nos seres humanos os escravos perfeitos para uma crescente subjugação. Resumindo, quanto mais perfeita a tecnologia, mais o ser humano deve "aperfeiçoar-se" para dominá-la. E esse aperfeiçoamento não passa necessariamente pelos livros, a menos que sejam especializados. Não. Esse aperfeiçoamento passa por deixarmos de fazer as coisas que nos definiam como seres sensíveis, e ler era uma delas. Praticar desporto era outra. Levar os filhos ao parque era outra. Valham-nos os avós reformados!( mas com quem os putos não podem jogar à bola..)
Voltando ao livro da professora do Algarve: não o li (dificilmente o farei). Mas antes que me comecem a criticar (ou se já estavam..) por falar de um livro sem o ler, digo-vos que me vou socorrer do provérbio anglófono - "judge a book by its cover" -, o qual é uma metáfora para reprovar os preconceitos. Numa entrevista, o Sean Penn inverteu esta máxima ao explicar o porquê de ter realizado o "Into the Wild". Ele disse que, enquanto esperava o almoço, resolveu dar uma espreitadela numa banca de livros situada por perto, quando a capa do livro de Jon Krakauer o hipnotizou de tal forma que se sentiu compelido a lê-lo. E não se enganou. Já não digo o mesmo desta minha análise, no entanto o prazer de escrevê-la e gerar repostas é já, por si só, satisfatório.
A capa do livro, então, retrata dois...adolescentes, uma menina e um menino, deitados sobre um tapete a folhear um livro. Algo do género: "vamos estudar funções sintáticas para minha casa?", "ok, eu levo as bolachas e um cd dos EZ Special". E é que acabam mesmo por ficar a estudar, para deleite da mãe, a qual ia dando a frinchadela periódica. Eu nem ia referir isto, porque vi uma entrevista da professora e ela pareceu-me extremamente bem intencionada. No entanto, ao convidar o Dr. Daniel Sampaio, responsável pelo prefácio, para embelezar o lançamento do livro, acende-se cá dentro uma luzinha crítica, à qual muita gente chama mania da perseguição, ou mania de ser diferente, ou o que quer que seja. Já nem peço para alterar as visões tradicionais do amor, as quais, mais do que na sinceridade do sentimento, parecem assentar na homofobia que caracteriza quase tudo o que é funcional nesta sociedade. Mas não há problema, porque a orientação sexual só se define a partir dos 20 e tal anos. Durante a adolescência somos, obviamente, heterossexuais. Um menino e uma menina. Caramba, convidar o Daniel Sampaio é relegar para 2º plano tudo aquilo que foi postulado pelo Freud, e que, no nosso inconsciente, lá está, sabemos bem que é verdade: a sexualidade desempenha um papel extremamente sobrevalorizado e incontornável. E o Freud nem sonhava que os mass media, completamente controlados por uma minoria economicamente poderosa, iam distorcer a verdadeira natureza desses impulsos, de forma a consagrar uma conduta sexual como aceite, relegando as outras para um plano de disturbio. E já nem falo do sentimento do adolescente que tem que viver baralhado e na penumbra...E quando a maior referência nacional na psicologia juvenil condena publicamente a homossexualidade, quase que acreditamos que é uma doença. A isto chama-se lavagem cerebral, e, aparentemente, ele não escapou a essa parte. Mas tenho a certeza que no interior do livro esta questão será abordada. Resta saber se na linha da homofobia ou na do livre arbítrio. Mas com este prefácio, não digo nada.
Durante a entrevista ela pareceu bastante estranha. Referiu que, durante dois anos, ficava nos intervalos a falar com os alunos, em vez de ir para a sala dos professores. Mas que raio de profissional prefere ficar ao relento a aturar anormais em vez de, ao sair de uma sala de aula, se enfiar de imediato noutra sala, onde os complexos juvenis têm agora forma adulta? Hummm. Ou então, em vez de escrever um livro sobre o prazer da leitura associado aos afectos e à sexualidade juvenil, porque não escrever algo mais produtivo? Prof. Maria Gabriela, cá vai uma ideia: "Como Tirar Um Telemóvel em 5 segundos"; ou então "O Demónio de Saias: Relato de uma Noite com a Ministra da Educação".
Olha, se calhar até vou ler o livro. Alguém oferece-se para mo oferecer?
Ler e amar são bastante parecidos: ambos requerem alguma paciência (é claro que há livros e livros..); são potenciais geradores de enxaquecas (embora as últimas 5 letras formem algo tradicionalmente revigorante quando consumado); e muitas vezes são abandonados a meio do processo (aqui há uma solução: porquê tentar ler "Os Maias" quando podemos ir lendo revistas semanais? Antigamente era assim que os romances viam a luz do dia...).
Amar e adolescência equiparam-se pelo grau de abstracção do conceito, ou seja, é impossivel delimitar e quantificar o amor ou o estado de adolescente, onde começa ou quando acaba. No caso do amor podemos até fazer uma analogia com a palavra Deus (não confundir com dEUS): ninguém realmente o verificou, mas que existe, existe. Ou então, não existe, mas que queremos acreditar que sim, lá isso queremos. Ambos os vocábulos são também altamente polissémicos, característica conferida, como sempre, pela comunidade falante. Assim como quem ama hoje pode odiar amanhã, para voltar a amar no dia seguinte (sentimentos dirigidos à mesma pessoa, entenda-se..), também usamos a palavra Deus para ajudar hoje e cometer genocídios amanhã. Amor e Deus, duas palavras convenientemente ocultas...A inferência que normalmente fazemos em relação ao amor prende-se com o envolvimento entre duas pessoas. Mas não podemos menosprezar a importância do amor próprio, nem o poder auto-destrutivo da sua falta. E a este respeito, é bem sabido que a adolescência é aquela fase etária da indefinição e da insegurança. Em muitos casos trata-se de uma questão de sobreviver. Por outro lado, no amor tradicionalmente aceite, é bastante estranho ver adolescentes a comportarem-se como casais de meia idade, a abdicarem dos seus primeiros anos de descoberta sexual e social para se refugiarem no dúbio conforto do compromisso.
Ler e adolescência. Bom, se o binómio amar/adolescência já era arrojado, então este, à luz dos nossos dias, parece-me herético. O ligeiro ascetismo inerente à prática da leitura não combina com o desejo de viver a vida toda numa semana. É que agora é mesmo possível viver a uma velocidade incrível, e, aparentemente, não há muitas razões para quererem parar e pensar, simplesmente porque as instituições sociais, educativas e profissionais são acéfalas e autómatas nos seus processos. E as novas tecnologias encontraram nos seres humanos os escravos perfeitos para uma crescente subjugação. Resumindo, quanto mais perfeita a tecnologia, mais o ser humano deve "aperfeiçoar-se" para dominá-la. E esse aperfeiçoamento não passa necessariamente pelos livros, a menos que sejam especializados. Não. Esse aperfeiçoamento passa por deixarmos de fazer as coisas que nos definiam como seres sensíveis, e ler era uma delas. Praticar desporto era outra. Levar os filhos ao parque era outra. Valham-nos os avós reformados!( mas com quem os putos não podem jogar à bola..)
Voltando ao livro da professora do Algarve: não o li (dificilmente o farei). Mas antes que me comecem a criticar (ou se já estavam..) por falar de um livro sem o ler, digo-vos que me vou socorrer do provérbio anglófono - "judge a book by its cover" -, o qual é uma metáfora para reprovar os preconceitos. Numa entrevista, o Sean Penn inverteu esta máxima ao explicar o porquê de ter realizado o "Into the Wild". Ele disse que, enquanto esperava o almoço, resolveu dar uma espreitadela numa banca de livros situada por perto, quando a capa do livro de Jon Krakauer o hipnotizou de tal forma que se sentiu compelido a lê-lo. E não se enganou. Já não digo o mesmo desta minha análise, no entanto o prazer de escrevê-la e gerar repostas é já, por si só, satisfatório.
A capa do livro, então, retrata dois...adolescentes, uma menina e um menino, deitados sobre um tapete a folhear um livro. Algo do género: "vamos estudar funções sintáticas para minha casa?", "ok, eu levo as bolachas e um cd dos EZ Special". E é que acabam mesmo por ficar a estudar, para deleite da mãe, a qual ia dando a frinchadela periódica. Eu nem ia referir isto, porque vi uma entrevista da professora e ela pareceu-me extremamente bem intencionada. No entanto, ao convidar o Dr. Daniel Sampaio, responsável pelo prefácio, para embelezar o lançamento do livro, acende-se cá dentro uma luzinha crítica, à qual muita gente chama mania da perseguição, ou mania de ser diferente, ou o que quer que seja. Já nem peço para alterar as visões tradicionais do amor, as quais, mais do que na sinceridade do sentimento, parecem assentar na homofobia que caracteriza quase tudo o que é funcional nesta sociedade. Mas não há problema, porque a orientação sexual só se define a partir dos 20 e tal anos. Durante a adolescência somos, obviamente, heterossexuais. Um menino e uma menina. Caramba, convidar o Daniel Sampaio é relegar para 2º plano tudo aquilo que foi postulado pelo Freud, e que, no nosso inconsciente, lá está, sabemos bem que é verdade: a sexualidade desempenha um papel extremamente sobrevalorizado e incontornável. E o Freud nem sonhava que os mass media, completamente controlados por uma minoria economicamente poderosa, iam distorcer a verdadeira natureza desses impulsos, de forma a consagrar uma conduta sexual como aceite, relegando as outras para um plano de disturbio. E já nem falo do sentimento do adolescente que tem que viver baralhado e na penumbra...E quando a maior referência nacional na psicologia juvenil condena publicamente a homossexualidade, quase que acreditamos que é uma doença. A isto chama-se lavagem cerebral, e, aparentemente, ele não escapou a essa parte. Mas tenho a certeza que no interior do livro esta questão será abordada. Resta saber se na linha da homofobia ou na do livre arbítrio. Mas com este prefácio, não digo nada.
Durante a entrevista ela pareceu bastante estranha. Referiu que, durante dois anos, ficava nos intervalos a falar com os alunos, em vez de ir para a sala dos professores. Mas que raio de profissional prefere ficar ao relento a aturar anormais em vez de, ao sair de uma sala de aula, se enfiar de imediato noutra sala, onde os complexos juvenis têm agora forma adulta? Hummm. Ou então, em vez de escrever um livro sobre o prazer da leitura associado aos afectos e à sexualidade juvenil, porque não escrever algo mais produtivo? Prof. Maria Gabriela, cá vai uma ideia: "Como Tirar Um Telemóvel em 5 segundos"; ou então "O Demónio de Saias: Relato de uma Noite com a Ministra da Educação".
Olha, se calhar até vou ler o livro. Alguém oferece-se para mo oferecer?
Subscrever:
Mensagens (Atom)