quinta-feira, janeiro 08, 2009

Elderly Man Behind The Wheel In A Big Truck

Aconteceu!...30 e tal anos depois de certa família ter feito o check-in no nº 845 da rua 33 em Espinho, aconteceu.

O caminho foi longo e sinuoso, as estradas foram os albergues dos sonhos, das desilusões, das fantasias...as estações de serviço foram meros oásis num deserto de emaranhados de asfalto.

Mas no dia 6 de Janeiro de 2009,eu acabadinho de chegar à citada morada, Lette recebe um telefonema estranho: "estou na Rechousa. Venham-me buscar, não sei ir aí ter". Rechousa, ah...as recordações. Foi um local cujos mistérios se desvendaram aquando da minha passagem, nos meus tempos áureos como colaborador da Sonae.
Tornei-me, para variar, útil e disse: "Eu vou buscá-lo".

E fui. Resgatei um pária, uma espécie de "candle in the wind", um cigano pálido cuja casa é a estrada, cujo Renault Trafic é uma baleia de 16 rodas, sempre sujeita ao incómodo do estacionamento, da manobra, dos impropérios proferidos pelos acomodados da era cavaquista, um carro por cidadão...

Em Espinho, antes de ir à consagrada morada, pausa para uma cerveja, enquanto se espera pelo pito assado. Aquele líquido dourado acompanhará para sempre os momentos de amizade, a melhor publicidade...Depois, a irmã, o cunhado, o frango...Obviamente, havia assuntos familiares que não podiam deixar de ser abordados. Alguns pertinentes e urgentes, outros apenas são pensados nestes encontros. É o que vale, apenas são recordados nas visitas. Durante o resto do ano são inconsciente e convenientemente ignorados. Digo eu, e eu digo muitas asneiras.

Ainda faltava visitar o sobrinho mais velho, herdeiro da bicicleta perdida nas areias de Espinho, por um progenitor "oblivious". Do frio para o quentinho, ele lá falou, falou...Por momentos teletranportei-me para a quimera de uma boleia de milhares de quilómetros sem destino, até os joelhos atrofiarem e eu finalmente sair...Até ficávamos por lá, mas o dia começava cedo para todos.

Viagem final, pelo frio da noite, até ao paquiderme de 16 rodas, onde finalmente apartariamos os nossos destinos. Deixei-o lá, na cabine que fazia lembrar uma qualquer sala de estar de média burguesia, na qual ele aprestou-se para ser engavetado e dormir um sono conquistador...ali, na Rechousa. Sítio, entre muitos por onde andas,(e neste momento Sines é certamente um deles), do mais merdoso que existe. Não te esqueças de aparecer mais vezes!