III
Lembram-se do Slash, dos Guns...? Bom, além de grande guitarrista, o homem era também um grande alcoólico. Certa noite, o manager da banda recebe uma chamada da recepção do hotel onde pernoitavam alertando a comitiva para socorrerem um Slash desmaiado no passeio em frente ao edifício. Sem ritmo cardíaco, parecia que estava morto. Felizmente, os paramédicos reanimaram-no com uma injecção de adrenalina no coração, e, toca a rock n´ rollar! Isto é que é correr a toda a velocidade e embater numa parede invisível.
Foi este o "slide" que o meu cérebro disparou no momento em que estava a assistir ao desfalecimento parcial do...não sei o seu nome, mas vou chamá-lo António. Ora o António era um dos muitos participantes das Festas do Monte que animam La Guardia durante parte do mês de Agosto. Correrias pelas ruas, entrar e sair de tascos e cafés, garrafas em riste, manchas de vinho nos farrapos que ainda resistiam colados aos corpos suados da juventude galega...e tudo ao som de: BUM!! BUM!! BUM!!
Lembram-se do Slash, dos Guns...? Bom, além de grande guitarrista, o homem era também um grande alcoólico. Certa noite, o manager da banda recebe uma chamada da recepção do hotel onde pernoitavam alertando a comitiva para socorrerem um Slash desmaiado no passeio em frente ao edifício. Sem ritmo cardíaco, parecia que estava morto. Felizmente, os paramédicos reanimaram-no com uma injecção de adrenalina no coração, e, toca a rock n´ rollar! Isto é que é correr a toda a velocidade e embater numa parede invisível.
Foi este o "slide" que o meu cérebro disparou no momento em que estava a assistir ao desfalecimento parcial do...não sei o seu nome, mas vou chamá-lo António. Ora o António era um dos muitos participantes das Festas do Monte que animam La Guardia durante parte do mês de Agosto. Correrias pelas ruas, entrar e sair de tascos e cafés, garrafas em riste, manchas de vinho nos farrapos que ainda resistiam colados aos corpos suados da juventude galega...e tudo ao som de: BUM!! BUM!! BUM!!
Quem não tinha um copo ou uma garrafa na mão estava munido da zabumba, o tambor oficial destas festividades...Engraçado, penso que foi a primeira vez que acampei sem ouvir o constante barulho das batidas em djembes..Gostei, no entanto não deixa de ser irónico, tendo em conta o que fui encontrar na cidade. Pessoalmente, apenas gostava de voltar a ter a companhia dos djembes quando for visitar o oeste africano...
Mas de música estávamos bem servidos. Já referi a guitarra do Domingos e a interpretação cristalina servida pela Irena. O artista seguinte metralhava palavras a um ritmo alucinante, havia sempre algo a dizer, uns versos a rimar...O Filipe era, talvez, o único que o acompanhava, não a cantar, mas a consumir cigarros...O James terá sido o companheiro que mais intensamente viveu a aventura no menor espaço de tempo. O moço demorou uma eternidade a revelar-se, mas depois..."Tiro o carro, meto o carro...garagem da frente, de trás..." Adorava Quim Barreiros, a sua grande referência em momentos de êxtase. Era também o único a chamar a atenção dos nossos olhares para os variados pontos de interesse relacionados com a anatomia feminina. Enfim, ele não mais parou e temo bem que aqueles dias o tenham marcado e colocado a fasquia demasiado elevada no que diz respeito a um tempo bem passado. Espero que tenha tido momentos ainda melhores lá por Braga, onde era recém-chegado, ou em qualquer outro lugar. Depois corrijam-me, mas fiquei com a impressão de que não bebia nem fumava. Já passaram meses..nunca mais o vi...
Dos artistas da música para os da cozinha.
Mais um arroz confeccionado pelo chef Castelão, mas desta vez eu fiquei com vontade de lavar o estômago, não pelo arroz mas... Passo a explicar: O Tomás, em mais um rasgo de genialidade, surpreende-nos com algo, qual Sport Billy, retirado de uma das suas sacas - Uma bela garrafa de um líquido semelhante ao Gold Strike. Ora como sabem os copos de plástico eram também os nossos pratos. À genialidade do Tomás contrapus a minha genial estupidez e resolvi deixar um restinho da bebida à espera do arroz, confiante que tal mistura me aguçaria as papilas gustativas a um ponto de sublime clílmax alimentar...Erro. Aquela papa só foi para a minha pança porque a fome era já muita...
Hora de ir visitar a cidade. Ao chegar ao centro, deparámo-nos com um ambiente similar áquele provocado pela paranóia colectiva de Pamplona, mas sem os touros. Fiquei com a sensação de que as pessoas moviam-se com maior rapidez e de forma errática, ao contrário da compostura típica a sul do rio Minho. Decidimos seguir as gentes e notámos um progressivo afunilamento coincidente com o crescer sonoro das batidas nas zabumbas. As pessoas que nós seguimos pararam para se adicionarem à parede humana que formava a guarda de honra dos foliões zabumbeiros que preenchiam não uma praça ou avenida, mas uma ruazinha secundária, com pouca largura, situada na face lateral de uma igreja. Entre aquela gente de lenços ao pescoço, t-shirts alusivas às festas, calções, troncos nús, etc., estava o "António", que se destacava pela envergadura e visual selvagem. Dava também a sensação de querer bater no tambor até este estourar, no entanto a zabumba virou-se contra o zabumbeiro e seria o António a estourar, à frente dos nossos olhos, os quais ficaram, por momentos, apreensivos. Ele caiu a 4,5 metros de mim, com o tambor em cima da barriga e a baqueta na sua mão. Rapidamente nos apercebemos que não era nada de grave, porque nenhum dos seus companheiros esboçou qualquer reacção. Mesmo assim, resolvi aproximar-me, não só para ter a certeza que aquilo era apenas um "post orgasmic chill", mas sobretudo para retomar a tarefa de bater naquele tambor como se não houvesse amanhã. Aprocheguei-me, os seus olhos estavam cerrados, a minha mão direita fez um vôo picado em direcção àquela baqueta e, de repente, o gajo abre os olhos, esbugalhados, cruza-os com os meus durante uns décimos de segundo, agarra no tambor, levanta-se e continua a fazer o que tem de ser feito, bater, bater e nada mais a fazer...Apanhei um susto do caraças, mas a festa continuou.
Depois de La Guardia, esperava-nos a abertura de Paredes de Coura...
1 comentário:
realmente, nem 1 comentário! agora percebi porque ficou sem energia para continuar a descrição!!! deixa,são aquelas coisas sem lógica aparente!
La guardia, fez me ficar com uma frase tão banal e tão real: "tão perto, e tão longe", é assim que vejo espanha!
Mas, ainda virão muitas viagens para guardar nas memórias,para reter e um dia mais tarde perceber que tudo é tão fácil,como respeirar!
E porquê? É terapêutico emanar ideias nestes espaços digitais, que poderão ser um rasto impossível de apagar? É a nossa árvore plantada no meio de frequências e impulsos!?
VC
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